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Casal adota três irmãos em Crateús: “no primeiro momento, a gente já se apaixonou”

Casal adota três irmãos em Crateús: “no primeiro momento, a gente já se apaixonou”

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O sonho de adotar e ter uma família maior, com filhos, nem sempre se torna realidade no Brasil, seja por questões burocráticas ou por preferências e expectativas dos adotantes. Em Crateús, cidade do Sertão dos Inhamuns, no entanto, três irmãos acolhidos em abrigo público tiveram a oportunidade de um novo começo.

Com três, cinco e seis anos de idade, eles foram adotados por um casal que, a princípio, havia sinalizado ao Sistema Nacional de Adoção (SNA) a preferência de acolher uma menina de até três anos e meio de idade. “Mas no primeiro momento a gente já se apaixonou. São muito espertos; são bem ativos, inteligentes. São crianças brincalhonas, gostam de se divertir. São crianças encantadoras”, diz a mãe.

Os três viviam em situação de risco e vulnerabilidade, e por isso foram destituídos do poder familiar e levados a um abrigo público. Assim, tiveram os nomes incluídos no SNA em abril de 2021. Entraram em regime de acolhimento institucional e como havia parecer técnico recomendando que não fossem separados, do abrigo só poderiam sair juntos.

No início, não passava pela cabeça do casal a possibilidade de adotar mais de uma criança de uma única vez. Como os dois deram entrada na adoção em janeiro de 2019, acabaram mudando de ideia. “As coisas vão acontecendo, vão melhorando e vão se encaixando. O tempo vai moldando a vida da gente, direcionando a vida da gente para melhor ou para pior. No nosso caso, a gente foi para melhor, graças a Deus”, declara a adotante.

O defensor público Augusto Rodrigues da Cunha atuou no processo de adoção. Ele explica que o fato de serem três crianças foi algo que poderia dificultar a vinculação. “Outros casais desistiram por causa disso. Cuidar de múltiplas crianças exige uma estrutura que nem todos podem acomodar. Eu imagino que os casais se sintam inseguros quando se deparam com um caso de adoção de mais de uma criança. Isso pode não estar nos planos deles, mas a minha sugestão é ir no abrigo conhecer as crianças. Existe um período de convivência e acompanhamento adequado. Então, não precisa ter medo. Os assistidos que atendi se encantaram pelos irmãos e isso apenas aconteceu porque foram no abrigo conhecê-los.”

Ao final do período de convívio com as crianças, definido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o casal buscou a Defensoria Pública em Crateús para entrar com a ação de adoção e recebeu um posicionamento favorável do juízo da cidade. Logo após o consentimento da guarda definitiva das crianças, a mãe lembra da emoção que sentiu com o companheiro. “Foi uma alegria tão intensa; foi inexplicável. Eu olhava pro meu esposo, ele olhava pra mim e as lágrimas querendo rolar e a gente querendo não deixar elas caírem, mas foi uma emoção muito grande. Nossa alma vibrava de felicidade dentro da gente. Foi muito bom, muito bom mesmo. Sem palavras.”

O processo de adaptação das crianças vem acontecendo desde o estágio de convivência, no qual passaram 30 dias desempenhando atividades em conjunto sob a supervisão da equipe técnica do abrigo municipal.