Posso ajudar?
Posso ajudar?

Site da Defensoria Pública do Estado do Ceará

conteúdo

Defensoria e Fiec discutem projeto de reinserção de mães em vulnerabilidade no mercado

Defensoria e Fiec discutem projeto de reinserção de mães em vulnerabilidade no mercado

Publicado em

A Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE) iniciou nesta quarta-feira (29/7) o mapeamento das famílias atendidas pela Rede Acolhe para localizar mães solo ou que tiveram filhos assassinados e estejam em dificuldades financeiras. Elas comporão o projeto “Mulheres e Territórios Vivos”, fruto de uma parceria entre a Federação das Indústrias do Ceará (Fiec) e a Defensoria, por meio da Rede Acolhe.

“Quando a gente fala em homicídio, as pessoas pensam automaticamente na morte e na dor da família. Mas existem várias outras repercussões. Uma delas é o agravamento de vulnerabilidades. E não só vulnerabilidade psicossocial e psiquiátrica para fins de saúde mental e física, mas também uma vulnerabilidade financeira. Muitas vezes, se perde o arrimo de família, aquela pessoa que sustentava a casa. Ou o adolescente que colaborava de algum modo para a economia doméstica. Então, dentro da missão institucional da Defensoria, por que não articular alguma ação para minimizar essa vulnerabilidade?”, pontua a defensora pública Lara Teles.

As tratativas para criar um projeto com esse objetivo começaram ano passado. As mulheres são o foco da discussão porque a Rede Acolhe – criada pela DPCE em julho de 2017 para prestar assistência às vítimas de violência no Ceará – tem nelas seu público majoritário. “O papel da Defensoria é o de articular a viabilização desse projeto, pra que ele ande com pernas próprias. O sucesso dele depende também de as indústrias, sociedade, poder público e as próprias mulheres acompanhadas pela Rede abraçarem a causa. Estamos fazendo uma proposta inicial com a sociedade civil que pode ser ampliada pro nível de política pública”, acrescenta a defensora.

O recorte de gênero na Rede Acolhe ficou evidenciado na pesquisa do Núcleo de Pesquisa e Estudos da Escola Superior da Defensoria, divulgado ano passado: 89,08% dos casos atendidos entre junho de 2017 a junho de 2019 pelo programa eram mulheres as parentes de referência nos 230 casos de violência acompanhados.

No projeto, a ideia é incentivar pequenos negócios e o empreendedorismo dessas famílias, cujo empobrecimento já existia e foi agravado com a morte de um dos mantenedores da casa, para as mulheres serem reinseridas no mercado de trabalho e, assim, contornarem essa vulnerabilidade. O mapeamento vai indicar, portanto, em qual área cada mulher interessada em participar do projeto atua.

Os dados serão encaminhados à Fiec para o projeto ser finalizado e novas articulações, com outros atores, iniciarem. “Hoje não existem projetos que absorvam essas mulheres e deem resposta para essa questão da diminuição da renda. E, além das mães que já tiveram filhos assassinados, temos as mães solo que, se nada for feito, se o devido cuidado não for tomado, elas podem perder os filhos quando eles chegarem à juventude. Por isso que é tão importante esse momento inicial de mapeamento. Estamos dimensionando o projeto”, frisa o sociólogo Thiago de Holanda, membro da Rede Acolhe.

Uma reunião com representantes da Secretaria de Proteção Social (SPS), do Governo do Estado, acontecerá na próxima semana exclusivamente para tratar do projeto.

Atualmente, quase 300 famílias são acompanhadas pela Rede Acolhe da Defensoria. “Esse é um projeto de construção coletiva no qual o Observatório da Indústria [um dos braços de atuação da Fiec] traz a perspectiva de catalisar e potencializar ações prioritárias pro desenvolvimento do Estado. Nós traçamos trajetórias possíveis e mapeamos ações prioritárias pros setores estratégicos, sendo um deles a Segurança Pública”, detalha Mariana Biermann, pesquisadora do projeto Masterplan de Segurança Pública, do Observatório da Indústria, da Fiec.