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Lançada oficialmente campanha para discutir compartilhamento de nudes; escolas são público-alvo

Lançada oficialmente campanha para discutir compartilhamento de nudes; escolas são público-alvo

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A Defensoria Pública Geral do Ceará (DPCE), por intermédio do Centro de Justiça Restaurativa (CJR), e o Instituto Terre des Hommes Brasil (TdH) lançaram nesta segunda-feira (5/12) a campanha “Pare e pense antes de compartilhar”, destinada a combater o envio desautorizado de nudes a terceiros. A mobilização tem como público-alvo adolescentes.

Subdefensora geral do Estado, Sâmia Farias classificou os estabelecimentos de ensino, sejam eles públicos ou particulares, como principal porta de entrada dessa mobilização na educação digital. “Sou mãe de dois filhos e sei que essa é uma temática desafiadora para pais, mães, professores e educadores. Lidar com a chegada tão precoce da tecnologia e os avanços que isso traz ao aprendizado, assim como os perigos da exposição de nossas crianças e jovens, é algo que requer uma atuação intersetorial”, pontuou.

Segundo a coordenadora do CJR, defensora pública Érica Albuquerque, a campanha foi integralmente elaborada a partir de casos reais nos quais o Centro atuou. “Nudes são trocadas com muita frequência, quase como figurinhas. E isso tem causado dores no mundo real, levando as vítimas à depressão, à tentativa de suicídio ou até mesmo ao suicídio. Nós precisamos cuidar melhor das nossas crianças e adolescentes”, afirmou.

O presidente do TdH, Renato Pedrosa, revelou que a campanha distribuirá cartazes, banners e panfletos em todas as escolas públicas do Estado, e vai disparar cards virtuais para os alunos, além de envolvê-los em atividades presenciais como círculos de diálogos sobre o tema, numa proposta educativa de tratar o problema – que, pelo ordenamento jurídico brasileiro, é crime, tipificado na Lei Carolina Dieckmann, cuja vigência completou dez anos no último dia 30 de novembro. “Muitos jovens tratam o compartilhamento de nudes como brincadeira, como bobagem, como algo sem importância. Mas isso traz traumas irreparáveis”, declarou.

A campanha de pronto recebeu o apoio da Superintendência do Sistema Estadual de Atendimento Socioeducativo (Seas) e da Secretaria Estadual da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS). “Podemos envolver os Cucas também e trazer a iniciativa pro sistema socioeducativo. Há a necessidade de uma sensibilização”, disse o titular da Seas, Roberto Bassan, complementado pela coordenadora de operações da SSPDS, delegada Socorro Portela, de que “a pasta vai apoiar a campanha, que é muito importante.”

Procuradora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional da Educação do Ministério Público do Estado, Elizabeth Almeida chamou de violência a prática de crimes cibernéticos como o compartilhamento de nudes. Para ela, é necessário estimular a empatia na população porque “na Internet, a gente fica longe e não se coloca no lugar do outro.”

Já a delegada da Delegacia de Combate e Exploração da Criança e do Adolescente (Dceca), Joseana Oliveira, alertou para o risco de a nude compartilhada parar nas mãos de criminosos, que podem passar a praticar “sextorção”, quando alguém é ameaçado de ter imagens íntimas expostas publicamente. “Esse tipo de violência precisa ser denunciada porque causa danos psicológicos e até físicos”, pontuou.