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Nudes vazados causam dores no mundo real

Nudes vazados causam dores no mundo real

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Ações tomadas no mundo virtual podem ter sérias consequências no real. É o caso de quem tem fotos íntimas vazadas e precisa lidar com a dor da exposição forçada. Dada a gravidade desse tipo de situação, a Defensoria Pública Geral do Ceará (DPCE) lançou essa semana a campanha “Por mais consciência digital: todes são responsáveis.”

A partir de peças que representam situações de cyberbullying e por meio de características da Justiça Restaurativa, a campanha tem como propósito convidar a sociedade civil, principalmente adolescentes e jovens, para refletir sobre a gravidade de fotos íntimas vazadas e o impacto disso na vida tanto de quem é vítima quanto do autor da prática.

O projeto foi pensado e executado em uma parceria entre o Centro de Justiça Restaurativa (CJR), Terre des Hommes, e dos alunos do curso de Publicidade e Propaganda do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7). A coordenadora do CJR, defensora pública Érica Albuquerque, explica o que deu origem à campanha. “A ideia surgiu a partir do contato com alguns casos que vêm se repetindo de exposição nas mídias sociais, sem autorização da pessoa que está sendo exposta. Isso vem resultando em danos profundos na vida de todos os envolvidos, principalmente da vítima direta e dos familiares”, destaca a defensora. 

Nesse cenário, a repercussão do acontecimento acaba sendo negativa para todos, inclusive para aqueles que praticaram os atos, uma vez que dessa ação decorre um conflito enorme e repercute em grande sofrimento. Por isso, a importância de ampliar o debate sobre o uso adequado da Internet, e que todos sejam incluídos nesse processo de reflexão coletiva, como propõe a campanha. 

Como no CJR o foco é a justiça juvenil, o ofensor, ou seja, a pessoa que praticou o ato, costuma ser um adolescente. Já o perfil das vítimas é de meninas e, geralmente, esse tipo de situação ocorre no âmbito escolar. “Essa campanha também tem o propósito de fortalecer essa conexão entre escola, alunos, professores e pais, para olharem e conversarem sobre esses acontecimentos que vêm sendo recorrentes em âmbito virtual mas envolvendo os alunos nas escolas”, reforça a defensora pública.

“É comum ouvir do adolescente ofensor falas como ‘foi só uma brincadeira’ ou até mesmo que ‘nunca imaginou que iria promover um dano daquele na vida da outra pessoa’. Deste modo, a campanha é um convite para que todos possam refletir como é possível vivermos melhor na sociedade utilizando os meios virtuais, buscando, assim, uma redução de danos e até mesmo a prevenção desse tipo de problema. É de extrema importância que, com essa ação, o público-alvo consiga compreender o quanto essa prática é violenta e provoca dores nas outras pessoas no mundo real”, destacou Érica Albuquerque, que acompanha este tipo de caso pelo CJR. 

Conforme pesquisa realizada pelo TIC Kids Online Brasil, de 2019, por volta de 89% da população entre nove a 17 anos usa Internet no Brasil. Ou seja: 24,3 milhões de crianças e adolescentes têm acesso constante ao ambiente virtual. O dado evidencia que essa faixa etária está cada vez mais exposta à realidade do cyberbullying. Sendo assim, crianças e adolescentes acabam tendo mais contato com diferentes tipos de situações relacionadas ao mau uso da Internet, como por exemplo a exposição de nudes, sejam delas próprias ou de outras pessoas, por vezes, sem autorização.  

A  facilitadora em práticas restaurativas no CJR, Lívia Cavalcante, enfatiza o empenho da instituição em resolver esses episódios por meio de práticas positivas. “Nas nossas experiências, essas pessoas também tinham uma necessidade de resolver essa situação por meio de diálogo, entendendo que há um enfoque restaurativo. A justiça restaurativa tem a possibilidade de as pessoas resolverem os conflitos por meio do diálogo, dessa autocomposição dos conflitos, com autonomia, de fato expressando o que estão sentindo, para também entenderem o lugar do outro diante da situação.”

Os diálogos promovidos pela Justiça Restaurativa buscam um encontro para pensar como é possível, por meio da construção de um plano de ação, viabilizar a responsabilização do adolescente ofensor e a reparação dos danos à vítima, que podem ser materiais, psicológicos e afetivos. O intuito é possibilitar que todos prossigam bem, com o olhar para o futuro. 

“É importante dizer que a justiça restaurativa vê o conflito com visão positiva. É uma oportunidade de haver transformações positivas nas relações entre as pessoas. O que é negativo é a violência em decorrência desse conflito. Por isso, a importância das pessoas aprenderem a lidar com as divergências e a Justiça Restaurativa é uma importante ferramenta para a promoção do diálogo, a difusão do respeito, da importância da empatia, da valorização do outro ser humano, com suas características e individualidade”, reforça Érica Albuquerque sobre a importância do CJR e da campanha para lidar com a questão dos nudes vazados.

 

SERVIÇO

CENTRO DE JUSTIÇA RESTAURATIVA(CJR) 

Celular: Ligue 129 / (85) 98895-5715 / (85) 98415-0003 – Segunda a Sexta-feira – 8h às 17h 

E-mail: cjrc@defensoria.ce.def.br 

Localização: Rua Tabelião Fabião, nº 114, Presidente Kennedy – CEP: 60355-515

Núcleo de Atendimento da Defensoria Pública da Infância e da Juventude

WhatsApp: (85) 9.8895.5716

Telefone: (85) 3194.5093

E-mail: nadij@defensoria.ce.def.br

Ligação e WhatsApp de 8h às 17h. Atendimento somente por agendamento.

ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL

E-MAIL: psicossocial@defensoria.ce.def.br

CELULAR: (85) 9.8560.2709 – 8H ÀS 14H

CELULAR: (85) 9.8948.9876 – 11H ÀS 17H