
#NaPausa debate a importância do sentido da vida: “Temos que cultivar os sonhos”, alerta psicóloga
“Quem tem um porquê enfrenta qualquer como”. A frase do médico psiquiatra Viktor Frankl, criador do método terapêutico baseado na busca pelo sentido da vida, a logoterapia, foi um dos destaques da professora Fernanda Moreno na primeira transmissão do #NaPausa deste ano. A convidada participou do bate-papo, mediado pela psicóloga Isabelle Barbosa Nogueira, membro do serviço psicossocial da Defensoria Pública, que trouxe à cena o tema “A importância do sentido da vida.”
As debatedoras pontuaram sobre a necessidade que a humanidade têm de encontrar um sentido para a vida. Fernanda Moreno compartilhou que em sua vivência na área de gestão de pessoas já ouviu diversas queixas de colaboradores sobre desânimo de viver. “Pude conhecer os sentimentos que essas pessoas guardavam diante de questionamentos que esperavam por respostas capazes de norteá-los em suas aflições. Isso me fez ansiar por estudar mais sobre isso e contribuir nessa construção individual delas, promovendo análises existenciais, aplicando a logoterapia dentro das organizações”, esclareceu a professora.
Já Isabelle Barbosa falou sobre como o sentido precisa ser algo “para além de mim”. “A percepção de vida possibilitada por esta abordagem é transformadora. Rompe o peso de questionamentos como “para que estamos na vida?” e “qual o sentido dos meus dias?”, cativando perspectivas e motivação de vida a partir de um olhar ao entorno, desfocando do condicionamento de apenas receber.”
Ainda segundo a psicóloga, as condições sociais impostas pela pandemia têm potencializado os transtornos emocionais. A condição de isolamento fez com que as pessoas parassem, olhassem para si e esse silêncio, junto com o cenário de desemprego, insegurança, crise econômica, conflitos e mortes acabou sendo muito conflitante. No entanto, a Logoterapia é uma teoria que nos movimenta e auxilia a superar situações assim, pois nos tira da posição de meros recebedores, onde nos limitamos ao desejo de que a vida nos ofereça algo, passando para indivíduos de ação, estimulando um agir, um saudável movimentar-se”, contextualizou.
Em concordância, Fernanda Moreno destaca que o ser humano carece de um sentido para viver e que a ausência desse entendimento acaba eliminando perspectivas de futuro. “Por vezes, vejo as pessoas esperando coisas grandiosas para conseguirem perceber sentido em sua caminhada. Contudo, isso acontece durante a simplicidade do dia a dia mesmo, por meio das nossas boas práticas. Por exemplo: olhar o contexto geral que nos encontramos desde o início da pandemia é bastante desafiador. Mas o que eu tenho que fazer? Como enfrentar? Preciso me motivar para contribuir de um modo diferente, alimentando perspectivas e o entendimento de que sempre teremos algo para fazer e pensar em como colaborar e motivar outras pessoas. Precisamos estimular em nós planos, expectativas, motivações.”
Tal postura de reação, de acordo com as profissionais, não se associa a um comportamento de negação, como fingir que nada acontece ou alimentar processos mágicos e irreais. Pelo contrário. Isso reforça uma ação construtiva de empenho, solidariedade e conscientização sobre como cada deve fazer a sua parte.
“A vida nos chama a todo tempo a realizar sentidos de vida. Não é fazer algo fora do comum; é agir dentro do cotidiano. Temos que cultivar os sonhos, fazer planos, imaginar novos cenários. Se eu olho para o agora, em uma determinada ausência de sentido, eu entrego os pontos. Ajudar pessoas, família, amigos, algum conhecido, tudo isso é se sentir parte ativa do corpo social. Descobrir os talentos para colocá-los à disposição da sociedade”, frisou Isabelle.
O modo como devemos lidar com a dor, a culpa e o sofrimento para sairmos ainda mais fortalecidos desses processos também foi abordado na transmissão. Não é fácil, mas é necessário desenvolvermos um senso de responsabilidade não só com a própria vida, mas com o todo. Se sentir ativo dentro do corpo social é muito importante. Criar, estimular talentos, ter experiências, seja de contemplar o entorno, de sentir o afeto”, ressaltou Fernanda Moreno.
O bate-papo também lembrou o quanto escolher estar de bem com a vida é uma forma de se elevar. Medidas como o autodistanciamento e autotranscendência favorecem para que o olhar além de si otimize os sentimentos bons e agradáveis.
Finalizando o encontro virtual, a psicóloga Isabelle Barbosa Nogueira fortaleceu a ideia de como a percepção de sentido é um processo uno. “Encontrar esse sentido é algo que ninguém pode fazer pelo outro. É preciso sair de nós mesmos, tendo um olhar mais objetivo, sendo mais realista com a nossa vivência atual e tendo disposição de se colocar como um indivíduo de ação dentro da sociedade.”
O #NaPausa é o programa de conversas e debates da Defensoria Pública do Ceará (DPCE). Transmissões ao vivo são feitas no perfil @defensoriaceara do Instagram com produção da Escola SUperior da Defensoria (ESDP). Apenas em 2020, o projeto alcançou mais de 51 mil pessoas em 65 lives sobre temas diversos e convidados e defensores de diversas especialidades.