Defensoria institui nesta quinta (2/2) diretrizes para atendimento, inclusão laboral e permanência da população trans na instituição
A Defensoria Pública Geral do Ceará (DPCE) está formalizando as diretrizes organizacionais para atendimento, inclusão laboral e permanência de travestis, transexuais e pessoas não bináries na instituição. O lançamento oficial da política acontecerá no dia 2 de fevereiro, em evento marcado pela participação de Maite Schneider, cofundadora do TransEmpregos, o maior e mais antigo projeto voltado à empregabilidade de profissionais transgêneros do Brasil.
Por isso, e pela importância do Dia da Visibilidade Trans, celebrado no dia 29 de janeiro, a DPCE veicula a série Visibilizar – Pessoas Trans no Mercado de Trabalho. Nela, narra as histórias de vida de cinco dessas pessoas que já fazem parte dos quadros da instituição antes mesmo da vigência das novas diretivas, cuja determinação é, dentre diversas ações, garantir oportunidade de contratação de transexuais, travestis e não bináries pelas empresas prestadoras de serviço à Defensoria.
Um homem trans afroindígena, uma mulher trans parda, uma travesti preta e duas travestis brancas formam o especial, que mostra o quão determinante é a empregabilidade para essa população, historicamente excluída dos postos formais de emprego e, em decorrência disso, levada a trabalhos precarizados, subempregos ou mesmo o desemprego. Com direitos trabalhistas assegurados, essas pessoas vivem com mais segurança. Podem sonhar. Fazer planos.
Além disso, contribuem para a mudança de rotinas. A presença delas em espaços institucionais suscita debates sobre uso do nome social e documentos retificados, respeito às múltiplas identidades de gênero e orientações sexuais, formação continuada para prestação de serviço público de excelência no atendimento a outras pessoas trans, acesso a banheiros, (re)desenho de fluxos internos e externos etc.
“A Defensoria tem que ter a cara do povo ao qual ela presta serviço. Como bem disse nosso ministro Silvio Almeida, pessoas trans existem e são importantes pra nós. Por isso, elas têm que estar no nosso dia a dia de trabalho, dividindo as trincheiras de luta pelos direitos humanos conosco. A presença delas favorece uma troca muito rica de experiências e perspectivas. E a gente tem que cada vez mais incentivar isso. Porque não se reconhece a existência do outro impedindo que ele ocupe o mesmo lugar que a gente. É o contrário. Por isso que criamos a política de acesso aos banheiros e já contratamos pessoas trans antes mesmo dessa nova diretriz, que vem para fortalecer uma política que nós já entendemos como fundamental”, afirma a defensora geral Elizabeth Chagas.
CONFIRA AS REPORTAGENS
Fran Costa: “Empregar pessoas trans é o primeiro passo”
Patrícia Alves: “Nossa vida é ocupar lugares que historicamente nos foram negados”
Alexia Batista: “Oportunidade de mudar de vida”
Samara Ewellen: “É só o começo dos meus sonhos”
Caio Rocha: “Caminhando e insistindo no sonho, o retorno vem”